domingo, 16 de maio de 2010

INFORMAÇÕES DOS CDS: LETRAS


ANTÔNIO PEDRO e banda uirapurú


CD 1

“O PASSO DA NATUREZA”

Antônio Pedro da Silva é um verdadeiro artista da floresta, nascido em 1941,no município de Feijó, localizado no interior do estado do Acre. Desde jovem é reconhecido em sua região como curador e conhecedor das plantas medicinais da Amazônia, ciência que aprendeu com os indígenas e através das comunicações espirituais que desenvolveu.
Os Enverseios da Natureza são canções recebidas por inspiração espiritual para transmitir conforto, alegria e conhecimentos da Mãe Natureza.
Nela está a maior riqueza que são as medicinas de que a humanidade precisa para viver no bem estar e em harmonia.





1- O PASSO DA NATUREZA

É seu 1º Enverseio, de quando tinha ainda 14 anos de idade, recebido no seringal da Santana, colocação do abacateiro, na beira do igarapé Aracajú, no município de Feijó, localizado as margens do rio Envira. Do alto de um morro, após ter aberto uma estrada de seringa real, ouviu a voz cantar sobre sua cabeça, enquanto adimirava a maravilha da natureza.



A natureza é tudo isso, eu vou dizer
Este passo, ele é perfeito, é pra todos nós conhecer
O passo da natureza, o fruto do nosso dizer,
Por isso que eu vou dizer, que esse passo é pra entender,
Eu vou contar pra você ver
O passo da natureza, é o fruto pra nós dizer.

O passo deste enverseio, é a comunhão do pensamento
O passo da natureza, que brilha em nossos incensos,
Por isso que eu vou dizer, que esse passo é pra entender,
Eu vou contar pra você ver
O passo da natureza, é o fruto pra nós dizer.




2- BEIJA FLOR

Enverseio arranjado com um samba de José Pedro da Silva, pai de Antônio Pedro, na sanfona de 8 baixos.

Estou aqui
Mãe natureza mandou

No passo deste enverseio
Da Rainha beija flor

Ela um pássaro
Que a mãe natureza criou

Este pássaro ele é da luz
E do Astral superior

O seu alimento
É o melzinho das suas flores

Este passo é o caminho
De Jesus Cristo Salvador




3- MARCHAS DOS REIS

Sequência de marchas que descreve diversos reinados das linhas espirituais desenvolvidas em seu trabalho. São vegetais, animais e elementos da natureza representados por seus protetores, os Encaros.

A)REI TUBARÃO

Eu sou as malvinas, eu sou as malvininhas
Eu sou as lindas dálias que vem lá do oceano

Eu vim eu vim eu vim, por quê mandaram me chamar
Pois eu sou a linda dália eu venho da linha do mar

Olha eu sou reis tubarão
Dez homens só não me agüenta

Olha o tambor, tambor virou
Olha o tambor no meio do mar

B)ASA BRANCA

Ô Asa Branca tú vem de Aruanda

Seu Zé Falcão mandou me chamar

Olha o tambor chegou
Virou no mar sem fim

Eu vou baixando e dando nome
Sou Reis Cavalo Marinho


C)REIS BATATINHA

Reis batatinha, reis batatinha
Vem tirando os croatás

Os meus caboclos do batata
Nesta eira vem bailar

Não ando de noite, só ando de dia
Sou um pássaro mergulhão na beira do rio

Meu São Agostinho vem aqui nos acudir
As malvadas caninanas que vem aqui nos consumir


D)REI DAS COROAS

Eu tenho uma calça branca
Que é da cor de uma fita
Eu vou chegar na fita
Vou até São Benedito

Eu baixar na fita
Na cidade do Egito
Vou bailar com meus caboclos
No país bendito

Vem cá meus caboclinhos
Que tem força de cem dragões
Amostro a nossa linha
Em nome da Mestra Bernaldina

Vem cá meus caboclinhos
Quem tem asa sempre avoa
Vou chamar os meus caboclos
E dar viva ao Rei das Coroas




4- REI DE CANÃ

Composta quando ainda tinha 16 anos de idade, se refere aos “encaros”, que são os espíritos protetores das plantas e animais, e neste caso, do local chamado Canamã, nome derivado de “canas”, vegetação predominante nestes “tremedais” (região alagadiça). São citados animais e plantas que se combinam dentro dos mistérios da Mãe Natureza.
Temos a participação do flautista peruano Eloy Chimpana
-Xandú (balsamo begoeiro): erva amazônica usada para dor cabeça,
-Gaspar: “encaro da natureza”, ou dono encantado da árvore Murici do pantanal, de porte médio alto, fruta vermelha comestível.
-Bamar: encaro do Jenapinho. Alimento, encontrado no rio Envira.
-Canã: de canamã (pântano) de lama preta, aonde nasce as plantas Sororoca, Paca-Vira e a Aninga de Jabuti.

A) REIS DE CANAMÃ

Meus pássaros periquitinhos
Cadê as minhas maracanãs
E o dono das galinhas d água
E o Papai é rei de Canã
Quando eu venho de manhã

Ô ô ô ô , Ô ô ô ô , Valei-me papai valei-me Xandú

A corrente de Canã
É corrente pra quebrar
Abra do olho rapaziada
Quando eu venho é pra levar
De manhã lá vai eu

Ô ô ô ô , Ô ô ô ô , Valei-me papai valei-me Xandú

Chegou o príncipe messias
Está me faltando o Gaspar
Cadê o messias velho
Está me faltando o Bamar

Valei-me papai ,valei-me mamãe, valei-me papai vem cá


B)LEONOR ENCANTADA

Canção recebida em sua juventude, que apresenta a encantada Leonor, que é uma jovem moça que protege as mocinhas dos 7 aos 14 anos de idade. É um enverseio com centenas de versos em repente, mas que teve alguns deles selecionados para esta gravação.


Macela do bom, macela
A gente vai brincar com ela
No passo das nossas vidas
O encante desta donzela
São passos da natureza
Nos passos sinto firmeza

Leonor que é encantada
Dentro das águas do rio Jordão

São passos da natureza
Nos passos sinto firmeza
O encante desta donzela
Nas águas do rio Jordão

Maria da Sangapide
A dona da palmeirinha
São passaros da natureza
No encante destA belaza

Leonor que é encantada
Dentro das águas do rio Jordão

Nas águas do rio Jordão
No passo quero saber
Nas águas do rio Jordão
Das flores do Muçambê

Leonor que é encantada
Dentro das águas do rio Jordão

São passos da natureza
Nos passos sinto firmeza
O encante desta donzela
No seu grande reinado
No passo da nossas estrelas
O céu iluminador

Leonor que é encantada
Dentro das águas do rio Jordão






5- O ADMINISTRADOR / A JANGADINHA

"O Administrador" é um enverseio que clama a humanidade para que zele da mãe natureza, e foi recebido em trabalho espiritual no Seringal Bom Amparo no ano de 2005, nas matas de Sena Madureira. A Jangadinha, que também é um enverseio de trabalho com Ayahuasca foi recebida nos fluidos espirituais quando tinha 14 anos de idade, no seringal Riachuelo, numa colocação chamada de “arrependido”, em Feijó. É muito utilizada para levantar as forças positivas.


A)O ADMINISTRADOR


Mãe natureza chama o administrador
Ele chama meus garis, é os meus trabalhador
Vamo o jardinho da rainha da floresta
Vamo bailar uma grande festa lá no mestre ensinador

Ele mandou eu ir ao jardim da natureza
Este jardim de firmeza que foi os meus trabalhador
Este jardim é de mamãe natureza
Ela precisa com certeza
De você meu zelador

Mas eu trabalho com a mente e o destino
Conhecer as medicinas, e um pouco eu quero aprender
E receber do meu mestre os ensinos
Eu peço meu pai divino me dê um pouco de saber

Eu trabalhar com a mãe que é a natureza
Esse jardim de beleza que ele é do criador
Esse jardim, o dono dele é o grande rei
O dono é o pai salvador
È o senhor dono da lei

A lei existe é pra todos nós cumprir
E todos nós seguir pois é a nossa obrigação
Quem segue a lei está mostrando o seu valor
De ser um grande senhor e ser um bom cidadão

E trabalhar em cima da tua razão
Que Deus te dá a proteção pra trabalhar na tua missão
Nós quem trabalha sempre quer viver melhor
Com a força do pai do universo
Que é o dono da força maior

Se reza missa com as suas ladainhas
Somos filhos da rainha que todos nós tem muito amor
Na natureza onde tem grandes professores
São eles quem dão os ensinos com a ordem do mestre imperador

E receber os teus ensinos com amor
Estudar e dar valor a tua arte que é profissão
Pois eu trabalho é pra cumprir minha missão
Estou no passo da doutrina aqui dentro da sessão

Vou trabalhar nos ministérios da ciência
E estudar com inteligência pra poder me dar valor
E ter amor a nossa mãe que é a natureza
Ela traz luz com firmeza com a proteção do criador

E estudar com nosso mestre é o professor
Ele é o dono dos ensinos este mestre imperador
Aqui eu recebo este enverseio com muito amor
De adoutrinar as grandes obras do nosso pai salvador


B)A JANGADINHA

A jangadinha quando vai subindo
Vai cortando água lá pelo alto mar

Ia passando pelo morro branco
Em cima de um barranco eu vi a beira mar

De longe eu vi o morro da beleza
Vi a natureza, e o Zeppelim passar

Corrente d água doce como mel
Eu bebi água doce para me salvar

A tarde voa um bando de andorinha
Quem conhece diz, o morro branco é bem

Mãe natureza foi ela quem enviou
O nosso professor, nos dá as aulas de amor

A tarde eu ouvi o cântico da sereia
Vi a natureza, e o Zeppelim passar





6- FESTA NO CUPIXAU

Compostas entre 1954 e 1956, com exceção de “Tuchau Jumadubé” de 2005, fizeram parte da convivência com diversos Pajés, Tuchaus e outros indígenas das etnias Apurinã, Huni Kuim, Jaminawa, Shanenawá, Kulina e outros. Temos a participação do flautista peruano Eloy Chimpana e do Sr Francisco Mantinery, liderança indígena, veterano das guerras do tempo das correrias que perseguiam seu povo. Toca um arco pressionado nos dentes chamado Trumpeh, flauta e nos deixa um depoimento documental sobre estes tempos passados e como seu povo sobreviveu.

A)XUC XUC MACURUMA

Xuc xuc macuruma xique xique tacacá
Oriróque merequine iracurú maracacá
Shinê, shinê, shorá bombo hey

B)CABOCLO DO MATO

Caboclo do mato, tu foi corredor
De 100 cachorros não me pegou

Reizinho, Reizinho Aruanda
Reizinho, Reizinho Aruanda

Tu abra a janela que lá vem Jesus
Ele vem cansado com peso da cruz

Caboclo do mato que terra é a tua
Eu ando virando nas ondas da lua

Reizinho, Reizinho Aruanda
Reizinho, Reizinho Aruanda


C)TUCHAU JUMADUBÉ

O Tuchau Jumadubé no Cupixau ele é diretor
Os estudos deste caboclo ele é um grande ensinador

Ele é um grande ensinador no meio da selva, no jardim da flora
Ele é do alto das pedreiras no meio das pedras preciosas

No meio das pedras preciosas tem seu lajedo dos seus minérios
Onde esta os estudos da rainha tem a ciências dos ministérios

Na ciência dos ministérios tem seu valor com muitas firmezas
Está o passo de um enverseio da grande obra de mãe natureza

A grande obra de mãe natureza me deu os ensinos tenho muito amor
Onde esta no passo da doutrina o santo nome de pai salvador

D)BAMBA-BAMBA

Eu sou caboclo bamba-bamba squi bamba
Sou do batuque da Mãe Joana squi bamba
E eu perdi minha calimba squi bamba
E sou do canto de mambeira squi bamba

Ai lê ai lê squi bamba
Ai lê ai lê squi bamba
Ai lê ai lêeeeeeia

“Mambeira” (dança indígena de mariri em roda no cupixau)




CD “2”

“O BAILE DO SERINGUEIRO”


De uma árvore chamada “Sapota”, depois de derrubada e rolada em suas pontas era retirada a grossa casca que era transformada em um tapete de madeira com cerca de 2 metros de largura por 10 de comprimento. Com ela era feito o piso do salão próprio para a dança, riscado com parafina e coberto com palha de jarina. Adjuntos são os mutirões de roça, que unia muitas famílias e ao final do trabalho, na boca da noite se reuniam em festa que amanhecia até o dia seguinte.
A palavra “Baque” significa ritmo ou batida, e veio ao Acre com os imigrantes nordestinos. Ritmos que eles trouxeram, como a valsa, a marcha, xote, mazurca e benditos ganharam sotaques indígenas, e da mesma forma, uma mistura de ritmos indígenas adaptados no violão formaram o Baque de samba. A célula deste, inicialmente era tocada nas “Rondas de Marirí”, por dois tamborins, tambores de madeira com pele de macaco capelão ou cotia e tocados com baquetas. Antes disso, segundo os indígenas, este ritmo foi aprendido do canto de um pequeno sapo chamado “sururu”, que vive em formigueiros.






1-SAMBA DA BOCA DO ACRE

Composta no ano de 1962, descrevendo uma festa numa baleeira, embarcação tradicional, subindo pelo rio Purús da Boca do Acre até o Rio Chandles, região de belezas naturais conhecida antigamente como “corredor dos Nawas”, devido à resistência dos indígenas destas nações.
Participação especial no coro: Verônica Padrão

Saí da boca do Acre
Embaixo de uma cerração
Fui até o rio Chandless
Rio da minha estimação

Eu faço isso decorado na memória
Tenho o meu povo de lado deixo o nome para história

Meninas minha meninas
O que foi que aconteceu
Foi do céu, caiu uma rosa
O tambor já se perdeu

Eu faço isso que eu decoro na memória
Tenho o meu povo de lado deixo o nome para história




2-MARCHA DA SIRIEMA / ARARINHA / MARIA TU BEM SABES

A Marcha da siriema foi composta por seu pai, José Pedro da Silva, e faz parte de um vasto repertório da música instrumental para sanfona de 8 baixos, que era tocado nas festas de baile.
Em seguida, temos duas marchas de cortejo, e também autobiográficas, revelando o comportamento social de uma época em que a mulher era “carregada”, fugindo com o futuro marido.
Participação no coro: kelen mendes

A)MARCHA DA SIRIEMA: INSTRUMENTAL (José Pedro da Silva)

B)MARCHA DA ARARA

Xô arara, xô ararinha
Quanto mais eu canto arara mais é bonitinha

Subi serra de fogo
Com as pragatas de algodão (“pragata”-alpercata-chinelo)
As pragatras pegou fogo
E eu decidi ir pelo chão

Desci na ponta da nuvem
Com dois coriscos na mão
Eu caxingava no escuro
Com o estrondo de um trovão

Eu Era siri eu era
Eu era siri eu sou
Eu dari dari eu dado
Eu dari dari eu dou

Vou me embora, vou me embora
Pra minha terrinha eu vou
Eu aqui não sou querido lá na minha terra eu sou
As meninas lá me chamam
Canarinho beija-for

Perguntei a um carneiro
A onde a ovelhas comiam
Carneiro me respondeu
No alto das melancias

Cacei sexta e cacei sábado
Domingo por todo dia
Fui dar com este rebanho
Segunda feira meio dia

Me faltou a ovelha velha
Que é mãe da ovelharia
Me faltou a marra nova
Que era esta que eu queria

C)MARIA TU BEM SABES

Maria tu bem sabe que amar coisa dourada
Já faz doze anos que tu é minha namorada

Maria não precisa, não precisa que eu te engane,
A amizade que eu tenho, ainda espero mais de um ano.

Fazem doze dias que eu prestei um juramento
Hoje chegou o dia de eu cumprir o meu intenso

Na casa do teu pai vou te pedir em casamento
O velho me respondeu: disse que eu não tinha sentimento

Faltou duas palavras pro velho se dirigir
-Se tu quer casar comigo, neguinha, vamos fugir!

Eu numa serenata na casa do morador
Na hora da saída Maria me convidou

-Para a serenata, pare que demore lá,
Deixe o velho adormecer para tu poder me roubar.

Maria disse isso, quase que eu morro de alegria,
Quando foi as doze horas, fui sozinho e roubei Maria.





3-XOTE DO ZÉ RIBEIRO / CURIÓ

O Xote do Zé Ribeiro foi compostos no ano de 1954, inspirado no dançarino conhecido como Zé Coringa, mas de nome Zé Ribeiro e descreve a conduta social das festas na época. O xote do Curió é do ano de 2005, em sua antiga colônia em Humaitá.

A)XOTE DO ZÉ RIBEIRO

Mas este Xote dança ele quem souber
Dança direito moçada
Marca o Xote no pé

Se dança Xote
Devagar ou na carreira
Olha que o Zé Ribeira não tem sorte pra mulher

Dança direito todos na boa união
Dança direito moçada hoje aqui deste salão

Dono da casa a muito tempo que reclama
Para se tirar uma dama não precisa paredão

Dança este Xote todos nos somos Brasileiros
É o xote do Zé Ribeiro tirado no ideal

E hoje aqui está todo mundo avisado
Não é bom dançar colados pra não dar má impressão.


B)O CURIÓ


Eu vou cantar meu versinho do curió
Ele é um artista que gosta de cantar só

O curió é irmão do rouxinol, amigo do xororó que vem lá do rei codó

Curió, curió, curió,
De mim tem pena, por favor, de mim tem dó

De mim tem pena curió meu companheiro
Vem cantar no cajueiro pra alegrar meu coração

Eu vivo triste, sempre triste apaixonado
Vivo sempre desprezado, meu poeta do sertão

Conheço um homem que comprou um abacate
Para fazer viajem pro lado do vai e vem
Ele afobou-se quando viu o trem partir
Ainda hoje ele tem mania de correr atrás do trem





4-O BAILE DO SERINGUEIRO / PASSEIO NA FLORESTA

O samba “Baile do seringueiro” é uma autobiografia da profissão que exerceu, e a “Festa dos animais” apresenta a fauna acreana dentro da combinação de convivência, parentesco e interação entre as espécies. Ambas são do ano de 2008.
Participação especial no coro: Verônica Padrão

A)O BAILE DO SERINGUEIRO

Fui num baile na mãe natureza
Uma festa na casa de João seringueiro
Num adjunto de um grande roçado
De noite rolava um grande festejo

O tocador era o sanfoneiro
O acompanhante era o violeiro
Trazia o tambor, o cavaquinho, o pandeiro
O reque a cuíca e o gaiteiro

Era um festejo na noite de São João
Uma festa na casa de João seringueiro
Cheguei dentro da festa com meus companheiros
E caímos no samba no meio do terreiro

O tocador era o sanfoneiro,
Tocava samba no meio do terreiro

A meia noite o sanfoneiro parou
O dono da casa o violeiro chamou:
-Você agora é o tocador!
E o baque do samba ele começou

Ô violeiro, ô violeiro,
É tocador e repentista brasileiro

Todos os anos fazia os festejos
Dos velhos tempos de nós seringueiros
No mês de junho que é o mês das fogueiras
Em Santo Antônio, São João e São Pedro

Os adjuntos dos grandes roçados
E as grandes festas na mãe natureza
Os grandes bailes no meio do terreiro
No baque do samba de nós seringueiros

Meu trabalho que eu tinha todo o dia
A busca do pão para minha família
Nem todo o domingo eu tinha o repouso
Pra estar com meus filhos e a minha esposa

A profissão que eu tinha todo o ano
De seringueiro 42 anos
Hoje estou velho, alegre e cantando
Pra meus conterrâneos este velho acreano


B)PASSEIO NA FLORESTA

“Eu faço verso, por onde eu passo,
Lá no jardinho da selva dos animais.”

Fui num passeio lá na floresta
De lá fui numa festa lá na beira do riacho
Na chegada dos pássaros nos galhos das árvores
O festejo na selva lá dos animais

Vem os queixadas com os catitús
Jabuti, o macaco com os garapús
O quati a cotia com o quatipurú
E o que anda no pulo que é o candurú

O Rato e a paca vem com o tatú
O gogó de sola que é o janaú
O buri-buri que é o quincajú
O mambira e a catita que com o quandú

O camaleão vem com o jacurarú
Jacuruxi lá no lago com o jacaré-açú
A anta com filhote vem com a cimarrú
A tigre pantera com a canguçú

A cobra do brejo é a jararacuçú
A valente da noite é a surucucú
A gato peludo vem com o gato-açú
E chegou o rei da selva o gaiero abadú

O gavião camiranga vem com o urubú
Voador tesoureiro vem com o jaburú
O socó lá no brejo pesca com o tuiuiú
O bem-te-vi e pipira vem com o sinhaçú

Jacamim se assusta com o esturro do mutum
O jacú ouve o apito da nambú azul
Cantador da lagoa que é o cururú
Curador lá da selva se chama kampú

Chega família, as meninas de urú
Na selva as araras azul
A capota ouve o apito das meninas nambus
Esperando o artista que é o uirapuru

O uirapuru é um grande cantor
Filho da natureza onde ele se criou
O uirapuru é um grande professor
Filho da natureza este grande cantador




5-MAZURCA DAS CRIANÇAS / COMPANHEIRO MILTON

Canções dedicadas à proteção das crianças, através de animais que compõem uma escola da Mãe Natureza, onde a Sangapide ( pássaro também com o nome “Peitica”)é a diretora e a Marianita (Curica cabeça de estrela) é a professora, além de plantas também protetoras como a marcela e o muçambê. “Companheiro Milton” foi composta na década de 50 e era dançada nos batuques de “baila” das sessões que comandava em Feijó.
Participação especial de coro com crianças.

A)MAZURCA DAS CRIANÇAS

Fui num trabalho do sítio das cenouras
Lá no jardim da marcela das flores
Fui ver os estudos das nossas criançinhas
Com a Marianita lá da palmeirinha

A Sangapide que é a diretora
E a Marianita é a professora
E lá na sala que ela dá os estudos
Lá todas crianças todas estão seguras

E a lição que ela passa pra eles
Pra todos eles vir comer bons frutos
E quando eles se passarem adultos
Todos eles ver o seu futuro

E na palavra que eu recebo a letra
Com proteção e força e firmeza
Se caso eles ter algum combate
Nunca nenhum perder o seu direito

Nos meus estudos que eu recebo o passo
Pra trabalhar com este grande mágico
A ponicitas me trazes as belezas
Destes grandes filmes de mãe natureza

Mas eu trabalho com dedicação
A proteção vem da força maior
Levar pra eles o que for de melhor
Uns bons estudos para estes menores

Eu acredito muito no destino
Nos meus ensinos tem muito que aprender
Levar pra eles um bom conhecer
Com a Rosalinda lá do muçambê

B)COMPANHEIRO MILTON

Ô Milton, companheiro Milton
Ô Milton, vamos vadiar

Ô Milton, sou menino Milton
Ô Milton, quero eu brincar

No mar onde não tem canoa
Mata passarinho, passarinho avoa


TODOS OS DIREITOS RESERVADOS



FICHA TÉCNICA CDs

Antônio Pedro da Silva: Vozes, Violão, Sanfona 8 baixos, maracá, reco.
Carmem de Almeida: Voz.
Adalberto: 2ª Voz.
Alexandre Anselmo: Cavaco, violão, bandolim, 1º e 2º tamborim, 1º e 2º reco, triângulo, maracá, cuíca, pandeiro, chocalho.
Vanessa Oliveira: Voz.
Marilua: Zabumba e reco.


Participações especiais:

Verônica Padrão: Voz; "Festa dos animais" e "Samba da boca do Acre"
Kelen Mendes: Voz; "Marcha da arara"
Eloy Chimpana: Queña e Zampoña em "Reis de canã" e "Festa no cupixau"
Francisco Mantinery: Flauta, Trumpeh e depoimento em "festa no cupixau"
Crianças: Henrico, Érica, Glauber, Camila e Sra Gregória Serra em "Mazurca das crianças e "Companheiro Milton"

GRUPO UIRAPURÚ


Antônio Pedro da Silva: Vozes, Violão, Sanfona 8 baixos
Carmem da Silva: Voz, maracá
Adalberto: 2ª Voz, violão
Alexandre Anselmo: Cavaco
Vanessa Oliveira: Voz, triângulo e reco
Marilua: Tamborim e Zabumba
Antônio Honorato: Tamborim e colheres
Magno: Cuíca, pandeiro, reco e chocalho de murmurú
Vitor: Espanta-cão

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