sexta-feira, 16 de abril de 2010

RELEASE


Contatos: Alexandre Santos: ale1712@gmail.com
http://enverseios.blogspot.com/

ORQUESTRA POPULAR UIRAPURU DOS SERINGAIS
FICHA TÉCNICA PARA SHOWS


Através do cancioneiro do compositor Antonio Pedro, buscamos reviver um ambiente onde diversas culturas conviveram e formaram o estado do Acre. Pode ser tanto apreciado em teatros quanto desfrutado em formato de baile, que é sua forma original.


Músicos: 9 integrantes; Técnicos: 2 integrantes; Produção: 1; TOTAL: 12 integrantes.


Músicos
Antonio Pedro: Voz, violão, harmônica
Carmem Almeida: Voz, percussão (maracá)
Adalberto da Silva: Voz, violão
Alexandre Anselmo: Bandolim, instrumentos indígenas (flautas de bambú, trumpeh)
Antonio Honorato: Percussões ( espanta- cão, tamborins, colheres, tambor de borracha)
Victor Romero: Cavaco, reco, maracá
Vanessa Oliveira: Voz, triângulo
Magno Oliveira: Percussões (cuíca grave, recos, pandeiro)
Marilua Azevedo: Percussões (tamborim, zabumba, recos)

Equipe técnica
Magal Sakamoto: som
Rabicó: Iluminação

Produção
Leilane Lima

Mapa de palco:

Instrumentos plugados: 4 entradas
-violão
-violão
-cavaco
-bandolim

Microfones para voz
-4 unidades

Microfones para percussão: 8 unidades
-tamborim 1
-tamborim 2
-zabumba (com presilha)
-triângulo
-instrumentos diversos (efeitos, reco)
-pandeiro
-instrumentos diversos (colheres, espanta-cão)
-cuíca

Microfones para sopros: 1 unidade
-flauta de bambú, trumpeh, efeitos, voz

DISPOSIÇÃO DE PALCO:
Meia-lua
Duração de espetáculo: 50 minutos

IMPORTANTE:Opções de repertório:
Devido a diversa abordagem temática e a grande quantidade de canções, organizamos diversos shows:


SHOW "ENVERSEIOS DA NATUREZA"
Apresenta canções do universo espiritual das florestas do Acre, através da mistura de tradições Ayahuasqueiras indígenas e cristianismo nordestino que formaram uma releitura da flora medicinal, fauna xamânica e encantados da cultura seringueira.
São obras da primeira fase do compositor, da década de 50 até os dias atuais, funcionando como uma bula de remédio para suas garrafadas e outras medicinas da floresta utilizadas por enfermos, pesquisadores e leigos do Brasil e exterior.

Repertório:
-O passo da natureza
-Marcha dos reis da natureza
-Beija flor
-Reis de canamã, Leonor, As totolas
-Reis mineiro, João pequeno
-O administrador, A jangadinha
-Valsa da sereia
-Aliança do astral
-Filho da natureza
-Festa no cupixau (chamado do mariri, xuc xuc macuruma, caboco do mato, Tuchau Jumadubé e bamba-bamba)



SHOW "BAILE DO SERINGUEIRO"
Apresenta o panorama recreativo dos seringais, onde após os mutirões de roçados, os trabalhadores se reuniam em festas que embalavam muita música, repente e dança até o amanhecer.
Repertório
-Samba da boca do Acre
-Xote do Zé Ribeiro; Curió
-Marcha da siriema, arara, e Maria tú bem sabes
-Xerém (instrumental com harmônica)
-Marchas desfeiteiras (dança tradicional alternada com poesias em repente)
-Tamborim na calçada, Samba do violão
-Mazurca das crianças
-Tombo do carneiro, Fui a Bahia
-Yolanda, 1º de abril
-O baile do Seringueiro / festa dos animais


SHOW "FALA COMIGO, MÃE NATUREZA"
Apresenta um apanhado geral da obra do compositor, misturando as duas propostas já descritas, entre os enverseios da espiritualidade e xamanismo amazônico e o cancioneiro das festas dos seringais acreanos desde a década de 50.
Repertório
-O passo da natureza
-Beija flor -Reis de canamã, Leonor, As totolas
-Valsa da sereia -Festa no cupixau (chamado do mariri, xuc xuc macuruma, caboco do mato, Tuchau -Jumadubé e bamba-bamba)
-Samba da boca do Acre
-Xote do Zé Ribeiro; Curió
-Marcha da siriema, arara, e Maria tú bem sabes
-Marchas desfeiteiras (dança tradicional alternada com poesias em repente)
-Mazurca das crianças
-Yolanda, 1º de abril
-O baile do Seringueiro / festa dos animais
-Fala comigo, Mãe natureza!


PALESTRA E RODA DE CONVERSA
Show pocket com 30 minutos de música e 40 minutos de conversa com os mestres de cultura popular Antonio Pedro e Antonio Honorato, sobre a cultura musical no estado do Acre, modo de vida dos seringueiros e medicina popular da floresta. Inclui documentário e slides.
O show acontece em formato de contação de história musical, que vai apresentando os intrumentos, culturas, ritmos e canções.
Público alvo: áreas afins de música, antropologia, etnomusicologia, medicina, educação, etc.
Antonio Pedro: Voz, violão, harmônicaCarmem Almeida: Voz, percussão (maracá)Alexandre Anselmo: Bandolim, cavaco, instrumentos indígenas (flautas de bambú, trumpeh)Antonio Honorato: Percussões ( espanta- cão, tamborins, colheres, tambor de borracha)

Para ver imagens deste projeto, que já foi realizado diversar vezes em escolas de nível fundamental no município de Rio Branco, Acre:

http://baquemirim.blogspot.com/2010/09/edicao-2010.html


ANTÔNIO PEDRO DA SILVA



Nasceu em 1942, no município de Feijó, sertão do estado do Acre. Foi iniciado na música desde os 8 anos acompanhando seu pai na sanfona harmônica e no cavaco.
Seu nome de registro é Antônio José da Silva, mas adotou o Pedro em homenagem ao pai José Pedro da Silva, natural do Rio Grande do Norte, um exímio gaiteiro (nome dado aos tocadores da sanfona de 8 ou 12 baixos) e compositor. Com ele aprendeu também a tocar este instrumento que no caso era chamado de harmônica. As de 8 baixos eram adaptadas da afinação diatônica de fábrica para a afinação cromática, uma tradição nordestina, para tocar choros que modulam entre tons menores e maiores.
Ainda quando adolescente Antônio já era solicitado para animar com seu violão as festas dos seus vizinhos indígenas, nos Cupixaus – barracões de festa – dos Culinas, dos Kashinawá Huni Kuim e com os Jaminawa, aonde tinha grande amizade com o Pajé Inácio  Shanenawá, muito conhecido entre eles. Este o iniciou na vida espiritual através da Ayahuasca, onde se desenvolveu na ciência das rezas e das plantas medicinais.



Tuchau Inácio Brandão, da etnia Shanenawá




Nesta época começou a receber um novo tipo de música chamada “Enverseio”, que é a versão de conhecimento espiritual no cancioneiro dos seringais.
Também animava as festas em seringais, adjuntos e nos batelões, aonde compôs centenas de canções em homenagem a diversos rios conhecidos e festas regionais, de carnaval e repentes de embolada com os quais competia com seus contemporâneos.
Ainda em Feijó e Manuel Urbano, iniciou um trabalho que mais tarde seria batizado de “Marinha Naval” onde eram realizadas diversas coreografias de grupo, chamadas de "báia" (baile) com fardas de marinheiro, onde as comunidades vizinhas os procuravam em busca de recursos espirituais e de saúde, pois não existia médico dentro da floresta.
Neste tempo fazia música com diversos companheiros, indígenas, acreanos mestiços como ele, e "arigós", ou "brabos", que eram os nordestinos recém chegados à floresta.
Trabalhou durante 42 anos como seringueiro e na década de 80 transferiu-se definitivamente para a capital do Acre, Rio Branco, onde reside com sua família.
Atualmente vive da aposentadoria e artesanato que produz e vende nas ruas, que são aviõezinhos de isopor postos no ar como pipas.
Também sobrevive fazendo garrafadas medicinais que são muito procuradas.

Sua obra possui uma visão crítica e poética para a preservação da Mãe natureza, através da apresentação de seus habitantes animais, vegetais e também dos invisíveis que compõem o imaginário dos povos da floresta.

Ficou 40 anos sem acesso a uma harmônica, e 25 sem tocar violão, devido a busca sacrificada do sustento de sua numerosa família nos tempos de transição entre os seringais e a pecuária, que o tirou de sua amada profissão para trabalhador braçal.

Somente a partir de 2008 começa a ser reconhecido como músico e memória viva da cultura do Acre.
A partir de um projeto social de reabilitação das culturas de raiz chamado BAQUEMIRIM, foi formada uma banda batizada conjunto “UIRAPURÚ”, que o acompanha com a linguagem original desta musica, utilizando instrumentos praticamente ou quase extintos.

Com o projeto que desenvolvemos, podemos aos poucos recuperar este patrimônio com 2 cds lançados em 2010, concientes de que este é só o começo de muitos deles, pois material não é o problema.

foto

Foto: Antonio Pedro defumando o pé de um "Espanta-cão", instrumento tradicional feito com borracha.


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Casa de defumação de borracha




CURRÍCULO ARTÍSTICO

Décadas de 50, 60, 70

Ainda é conhecido em Feijó, Rio Envira, Rio Purus, Boca do Acre e Sena Madureira dos seus tempos de juventude, seja acompanhando seu pai em seringais com os diversos grupos que já formou.
Nestes grupos tocou com muitos indígenas que eram mestres em seus instrumentos, e neste meio, naturalmente se formou o Baque do Samba.
Sua primeira composição foi aos 14 anos de idade, da canção “O Passo da natureza”, que abre o seu primeiro CD com o mesmo no
Esta época vai da década de 1950 a 1980, quando se estabeleceu em Rio Branco.


A partir de 2008, no circuito cultural urbano, se apresentou:

-Arraial Cultural na Arena da Floresta.

-CINFAUNA: congresso sobre fauna, na FAAO.

-Solenidade de inauguração do Horto Florestal de Rio Branco.

-Diversas apresentações pelo projeto BAQUEMIRIM, realizado pela UNESCO e REAJA, no Horto Florestal.
-EXPOACRE 2008.

-Projeto Acústico em Som Maior, no SESC Rio Branco e no Teatro Plácido de Castro.

-Seminário Temático, no Teatro Plácido de Castro.

-Aprovação na Lei de incentivo a cultura para a gravação de seu 1º CD “O Passo da Natureza”.

-Apresentações ao vivo na Rádio Difusora de Rio Branco.

-Contemplado pela lei de incentivo a cultura do estado do Acre para a gravação de seu 1º CD.

-Trabalhou como Mestre de cultura popular no projeto BAQUEMIRIM, financiado pela UNESCO.


2009

-Evento de abertura dos editais do ano 2009 da Fundação Garibaldi Brasil.

-SESC Rio Branco: Botiquinta: apresentação repertório “Passo da Natureza”

-Expoacre: Show “O passo da natureza”

-Arraial cultural na Arena da Floresta

-Inauguração da Av. Ceará

-Edital Cultura no mercado

-Lei estadual de incentivo a cultura para lançamento do CD e produção do documentário “Fala comigo, Mãe natureza!”

2010

-Lançamento dos CDs “Baile do seringueiro e “O passo da natureza”, na TENTAMEM.

-sesc Brasiléia: lançamento dos CDs

-Festival SESC Aldeia Caiçuma das artes

-Arraial cultural na Arena da Floresta, palco Saudades do Seringal

-Expoacre, palco apresentações locais

-Continua trabalhando como Mestre de cultura popular e consultor no projeto BAQUEMIRIM, financiado pela UNESCO, re-aprovado para este ano, através da atividade "BAQUES NA ESCOLA", apresentações didáticas em escolas de ensino fundamental de Rio Branco em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.

2011


-Arraial cultural na Arena da Floresta, palco Saudades do Seringal

-Expoacre, palco apresentações locais




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MÚSICA DOS SERINGAIS: SOBRE O UNIVERSO DA RAIZ MUSICAL DO ACRE



Instrumentos:

Nordestinos: sanfona 8 baixos singela e 16 baixos “sustenida”, cavaco, pandeiro, ganzá, pífano ou pife, violão, bandolim, banjo, rabeca, zabumba, triângulo, marimbal;

Indígenas: “cordófono com cuia percutido, arco de boca (trumpéh), reco, maracás, assovios, folha assoprada, cuíca;

Híbridos: tamborim (tambor vertical tocado com baquetas), Espanta-cão (mistura de reco com pandeiro e bastão indígena), colheres (tocadas em pares, simulando o triângulo e a castanhola), Tamborim com pele de seringa, marinbaus tocados com arco, afinação “sustenida” no violão, rabeca de lata.



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O veterano Antonio Honorato tocando tamborim acreano e o músico Magno Oliveira tocando cuíca e reco, fazendo a engrenagem do Baque de Samba.




OS BAQUES

Termo de provável herança nordestina, “BAQUE” significa “batida” ou ritmo. No Acre, o sentido é o mesmo, mas também se aplica a um estilo pessoal de se tocar um instrumento. A única referência em que este termo é empregado no universo musical é a tradição do MARACATÚ, de Pernambuco, onde os seus sotaques ritmos também são chamados por "BAQUES".

1- Baques de provável origem indígena

Samba: Segundo o compositor Antônio Pedro, este ritmo tem origem nas festas que aconteciam nos CUPIXAUS, que são construções de dois andares nas aldeias indígenas onde conviveu. As nações com que conviveu foram os kaxinawás, os Culina, Shanenawa, Arara e Jaminawa. Quando tinha 8 anos de idade, foi “pedido” ao seu pai pelo conhecido Pajé Inacio. O pedido foi negado, mas seu pai o autorizou a passar temporadas na aldeia, que era perto de sua colocação, onde aprendeu muito da cultura indígena nas rondas de Mariri, festas onde tomavam Ayahuasca e aconteciam danças, música e tratamentos espirituais. Nestas, Antônio Pedro tanto participava das danças como acompanhava os ritmos nos tambores que originaram o tamborim Acreano. Também era solicitado para tocar violão nestas festas. Segundo os seus companheiros indígenas, o ritmo que formou o Baque do Samba tem origem no canto dos sapos, mais especificamente em um chamado Sururú, que mora nos formigueiros e é muito arisco e venenoso. O termo “samba” é como um apelido dado aos ritmos populares de antigamente, não havendo relação formal com os sambas mais conhecidos nacionalmente como o carioca, paulista e baiano.
Nesta pesquisa, foi comprovada a extensão deste ritmo com suas idênticas células e técnicas de execução

Batuque de agalopão: Ritmo utilizado em trabalhos espíritas, soando como um Baque de samba mais preenchido de notas graves.

Ronda do Marirí: ritmo binário tocado nos tamborins, utilizado na dança indígena com o mesmo nome em festa onde é consumida a Ayahuasca. Possui diversas variações e andamentos, de acordo com as mudanças na dança.

2 -Baques (ritmos e tradições) que vieram do norte e nordeste:

Marcha: binário com duas vozes básicas, que se repetem tanto nos dois tamborins quanto nos recos. Tem sua origem no conhecido arrasta-pé, mas recebeu sotaque único pela execução feita com os tamborins.

Xote: quaternário, ainda preservou os instrumentos nordestinos, como a zabumba e o triângulo.

Mazurca: o nome é de origem européia, é Sextenário, e era muito apreciado por sua dança sofisticada.

Valsa: ternário, tem sua forma bem definida nas canções e choros tradicionais.

Coco improvisado: a “embolada” veio como tradição nordestina, e se manteve forte na floresta com desafios e a sátira sobre os temas nele decorridos.

Marcha desfeiteira: Tradição que ainda é encontrada no Pará e é uma arte de improviso em verso, realizada por casal em pausa da dança desta marcha, tocada por harmônica e percussões.





Romanistas: A tradição do cordelismo nordestino era transmitida oralmente e por meio de melodias, pois não haviam escolas nos seringais. O trabalho infantil era de praxe, e a arte de aprender e criar versos era a atividade de desenvolvimento intelectual trabalhada entre os populares através das artes cordelistas e para serem cantados nas marchas desfeiteiras.
Romanista deriva de romance, e preserva as escalas modais nordestinas - mixolídio- e acabou influenciando a maneira do acreano seringueiro compor sas músicas, utilizando suas formas de rimas e muitos elementos provindos do imaginário épico de raiz oriental, medieval, nordestino - armorial, que foi finalmente radicado na floresta amazônica. Seu Antonio compôs o romanista "Meu cachorro tubarão", que ilustra o valor que um cachorro vira lata pode ter na sobrevivência de um homem e sua família em uma colocação de seringa.  

http://www.youtube.com/watch?v=7J4hAIxFZc4

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